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Relatório prevê mercado de R$ 13 bilhões para medicina psicodélica em cinco anos

É provável que a pandemia de tristeza pós-Covid-19 turbine as cifras, porém elas já são de dar água na boca de investidores menos caretas: um mercado de US$ 190 milhões, hoje, que deverá saltar para US$ 2,4 bilhões (R$ 13 bilhões) em cinco anos. A previsão está na terceira edição do relatório “PSYCH: O Relatório de Psicodélicos como Medicamentos“, sobre pesquisas, negócios e regulamentação de psicodélicos.


A publicação do grupo Psych/Blossom aponta o ano de 2021 como um ponto de virada para o setor emergente das terapias assistidas por esses compostos alteradores da consciência. MDMA, psilocibina e cetamina já estão fazendo a cabeça de homens de negócio, na perspectiva de aprovação dos primeiros tratamentos para transtornos mentais a partir de 2023.


Em apenas 18 meses, desde que a MindMed estreou na Bolsa Canadense, o número de empresas listadas saltou para 40. Seu valor de mercado conjunto está em US$ 10 bilhões.


Os investimentos quintuplicam a cada ano e somam até aqui cerca de US$ 2 bilhões. Várias já se preparam abrindo clínicas que oferecem terapias com cetamina, meditação e respiração holotrópica, que podem produzir efeitos similares a psicodélicos.


Até no Brasil se ouvem ecos do entusiasmo, ainda que de modo incipiente. O pioneirismo coube à Scirama, uma aceleradora de estudos e empresas na área.

A excitação decorre da perspectiva de que o psicodélico MDMA (base da droga da noite ecstasy) seja aprovado em 2023 nos Estados Unidos para facilitar psicoterapia de portadores de transtorno de estresse pós-traumático. É o medicamento em fase mais avançada no processo regulatório.


Na sequência virão tratamentos para depressão, como a psilocibina dos cogumelos “mágicos” e o anestésico cetamina, já usado fora de bula (“off-label”). Há expectativa de que sejam autorizados por volta de 2025; a partir daí virão outros psicodélicos –LSD, DMT, 5-MeO-DMT, ibogaína— para uma série de condições psiquiátricas.





Não será surpresa se os psicodélicos seguirem trajeto da cânabis rumo à regulamentação para uso médico e à explosão de negócios. A população beneficiada, e portanto o mercado para essas drogas, se autorizadas, poderá ser muito maior, porque em tela se encontram males cuja incidência ultrapassa o bilhão de sofredores no mundo.


O relatório PSYCH estima em US$ 680 bilhões (R$ 3,7 trilhões) a redução de custos sociais com tratamentos e perdas econômicas com formas graves de depressão, estresse pós-traumático e abuso de substâncias (incluindo álcool), transtornos com resposta insatisfatória os medicamentos disponíveis, como antidepressivos. Isso levando em conta só Europa e Estados Unidos.


Pesquisa de opinião da Blossom indica boa aceitação do público (2/3) para esses estudos e futuros medicamentos psicodélicos. De mais de 3.000 entrevistados, 38% declararam conhecer alguém que poderia beneficiar-se de tratamentos inovadores, pessoas hoje desassistidas pelos recursos à mão de psiquiatras e psicoterapeutas.


Entre profissionais de saúde, está na mesma proporção a expectativa positiva com os psicodélicos. Deve pesar nisso o fato de 50% relatarem problemas mentais e 40% admitirem já ter recorrido a essas drogas.


O documento traz ainda algumas entrevistas com líderes de negócios e pesquisas no campo, como George Goldsmith, da controversa empresa Compass Pathways (que deve publicar em breve estudo de fase 2b sobre psilocibina para depressão e detentora de várias patentes na área), Cosmo Feilding Mellen, da Beckley Psytech, e Henrik Jungaberle, da fundação MIND e da provedora de serviço de saúde OVID.


Jungaberle chama a atenção para um possível entrave na disseminação das terapias assistidas por psicodélicos, a formação de terapeutas especializados para preparar, acompanhar e depois explorar com o paciente o que aflorar nas sessões (integração, como se diz no jargão da área).


O especialista alemão considera ambiciosa a meta da Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos (Maps), organização sem fins lucrativos que lidera o estudo com MDMA, de formar 24 mil terapeutas até 2023. Ele receia que cursos de poucas semanas à distância não bastem para capacitar integralmente esses profissionais.


O relatório faz poucas menções às pesquisas daqui, citando de passagem estudos com ayahuasca e ibogaína. Isso apesar de o Brasil figurar em terceiro lugar numa lista de artigos científicos de alto impacto no campo.


Os autores destacam três nações para investidores ficarem de olho: Canadá, primeiro país do G8 a legalizar cânabis, cujos reguladores dão mais liberdade para empresas do setor; China, que começou a suspender restrições a estudos com psicodélicos; e Suíça, com 35 testes clínicos em andamento, perdendo só para os Estados Unidos.

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